Primeiro veio o Tobias, depois o Batatinha, depois o Miguel e depois a Mila. Quando o Batatinha tinha oito meses descobrimos, pelo ultrassom, uma doença de herança genética, muito comum em gatos persas, o PKD (doença dos rins policísticos). Desde então, tenho lutado para divulgar e conscientizar as pessoas sobre a existência desta doença.
A doença não tem cura, evolui para insuficiência renal e termina com óbito.
Acredito que exigir o teste de PKD ao adquirir um gato, principalmente da raça persa, possamos, no futuro, diminuir a herança genética, dizendo não aos criadores de má fé que se aproveitam da falta de informação das pessoas.
Foi com esse intuito que nasceu o Blog do "Batatinha elurofilia". Meu intuito é dividir minha vivência com meus "filhos" com outros elurófilos, simpatizantes e amantes de gatos, além de trocar experiências e informações relacionadas ao mundo felino.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Complexibilidade Felina

A maioria dos descontentamentos felinos se manifesta de diversas formas, muitas vezes apresentando sinais que não percebemos num primeiro momento como: discreto emagrecimento, queda de pelo e mudança de interesses.
O gato, normalmente, deixa claro suas preferências, ciúmes e desejos. Porém, às vezes, sua insatisfação é anunciada em pequenos gestos que não ficam claros no início. Outras vezes, a comunicação é mais direta e imediata, levando o gato a sinalizar com fezes e/ou urina fora da caixa de areia. Não adianta puni-lo! Jamais!
Tente fazer uma retrospectiva para entender os possíveis motivos dos protestos e procure ajuda para lidar com o problema. A complexidade felina deve estar sempre em pauta quando amamos estes seres, muitas vezes tão incompreendidos!
A história da humanidade, lamentavelmente, já crucificou o gato, já o condenou, já o reduziu a interesseiro, traidor, que traz má sorte, etc... Hoje, felizmente, o felino cresce entre nós e vem ocupando, cada vez mais, seu espaço, merecidamente. Por isso, precisa ser melhor compreendido. Seus anseios, expectativas, afeto, independência, mexem com o ser humano e são mal interpretados e, por isso, tratados injustamente.
Passar pela vida e poder compartilhar seu dia a dia com um felino, além de ser uma honra, é um grande aprendizado. O gato ama  incondicionalmente o dono, sente sua falta, sofre com isso e é chamado de “independente”, como se fosse ruim conseguir ser independente nos afetos e no amor!
A independência felina é um avanço da espécie e que incomoda a quem não conhece os gatos de fato. Ser independente não significa ser alheio, frio e amar menos. Apenas, a grandeza felina demonstra o que gostaríamos de fazer na nossa rotina e, por normas de relacionamento e convivência, não fazemos. Os relacionamentos humanos se fossem pautados um pouco no comportamento felino certamente seriam mais felizes e teriam uma convivência mais saudável com seus parceiros.
Apenas, precisamos olhar para o gato com uma lente diferente e observar que, quando ele manifesta um não, é porque, naquele momento, está mais feliz onde está e não gostaria de sair, nem que fosse para o colo do seu dono. Em nenhum momento isto deve ser interpretado como falta de amor ou abandono, e sim, apenas como um desejo que precisamos respeitar.
O gato não disfarça, não se submete e continua amando incondicionalmente. O gato é esse ser que deixa tantos intrigados...
Sua autoestima é demonstrada na sua rotina diária. Cuidando do pelo para se manter limpo, se alongando, fazendo a sua higiene após cada refeição, tomando banho de sol, afiando suas unhas, etc. A autoestima felina é inerente a sua espécie.
Algumas vezes, ouço relatos de clientes de que seu  gato o segue como um cão. Precisamos saber que o gato segue o dono, na maioria das vezes, assim que ele chega em casa, sendo este um comportamento natural do gato. Ele adora cheirar os objetos, os sapatos e tudo de novo que chegar a sua casa. Precisa saber por onde você andou e faz isso olfativamente.
O gato sabe fazer companhia como ninguém. É fiel companheiro e adora estar por perto.
Certa vez, ouvi de uma amiga que deveria dividir sua dissertação de mestrado com sua gata, pois ela esteve presente, a seu lado, a cada página redigida. Ela se acomodava em cima do computador, durante todo o tempo de digitação, discretamente, silenciosamente, às vezes, louca para dormir, mas sua amizade e lealdade não o permitiam. Sua presença era fundamental para a conclusão dessa tarefa. Tenham certeza que ela sabia disso mais do que ninguém...
Um gato é um ser complexo, maravilhoso, fiel escudeiro, que tem muito a dizer a cada estágio de sua existência. Sua vida, muitas vezes, é curta, mas o aprendizado é profundo e vamos levar para sempre seus ensinamentos.
Só quem conhece e convive com ele, na intimidade, pode compartilhar essa experiência tão rica em detalhes.
Se você nunca se deu ao direito de conviver com um felino, é sempre hora de ser mais flexível, de rever sua posição e adotar um gato, urgente, e, com certeza, ser mais feliz.

Por: Dra. Luciana Deschamps, médica veterinária especializada em Medicina Felina e Comportamento.
Clínica Veterinária Sr. Gato - www.clinicasrgato.com.br
Presidente da Ong FELBRAS - Felinos do Brasil

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