Primeiro veio o Tobias, depois o Batatinha, depois o Miguel e depois a Mila. Quando o Batatinha tinha oito meses descobrimos, pelo ultrassom, uma doença de herança genética, muito comum em gatos persas, o PKD (doença dos rins policísticos). Desde então, tenho lutado para divulgar e conscientizar as pessoas sobre a existência desta doença.
A doença não tem cura, evolui para insuficiência renal e termina com óbito.
Acredito que exigir o teste de PKD ao adquirir um gato, principalmente da raça persa, possamos, no futuro, diminuir a herança genética, dizendo não aos criadores de má fé que se aproveitam da falta de informação das pessoas.
Foi com esse intuito que nasceu o Blog do "Batatinha elurofilia". Meu intuito é dividir minha vivência com meus "filhos" com outros elurófilos, simpatizantes e amantes de gatos, além de trocar experiências e informações relacionadas ao mundo felino.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Pit, uma história de superação, amor e sucesso

Pit - Nossa maior vitória
Por: Dra. Débora Pimentel - Clínica Só Gatos - Brasília DF
Nossa mascote Pit foi um presente que recebemos no Natal de 2005. Ela foi encontrada no Campus da Universidade de Brasília, com cerca de 3 meses de idade, e internada no Hospital Veterinário, com as orelhas e língua gravemente mutiladas. A Dra. Vanessa estava de plantão no Hospital Veterinário, pois finalizava o último semestre do curso de graduação em Medicina Veterinária e foi uma das veterinárias que recebeu a pequenina.
No hospital, as providências imediatas foram a colocação de sonda visando alimentação e hidratação, medicação e tratamento dos cotos das orelhas. Aos poucos a gatinha foi melhorando. Uma vez que ela não conseguia beber água sozinha, devido a ausência da língua, resolvemos testar bebedouros dos modelos e formatos destinados aos mais diferentes animais, porém nenhum deles apresentou resultado. Como o Hospital Veterinário da UnB, à época, não funcionava à noite nem durante finais de semana, feriados e férias, a gatinha passava um final de semana na casa de cada um dos veterinários ou estagiários dispostos a acolhe-la. No nosso final de semana foi amor à primeira vista. Apaixonei-me imediatamente por ela, uma criaturinha pequenina, ronronante e com aquela sonda no pescoço, ansiosa por carinho.  
Precisávamos resolver a questão da ingestão de água, nossa maior dificuldade para adotá-la, pois trabalhamos o dia inteiro. Então, após alguns dias, mãos divinas entraram em ação e observamos que ela conseguia beber água sozinha, um mistério até hoje não plenamente solucionado. Ela introduz toda a carinha na água, possivelmente sugando a água e molhando-se bastante durante o processo. Contra a maioria dos conselhos de veterinários conhecidos, que acreditavam que sua sobrevida seria pequena e que sofreríamos muito com isto, adotamos a pequenina. Fazemos questão de lembrar os Drs. João Telhado, Heloísa Justen e Chistine Martins, veterinários que nos deram uma grande força para adotá-la, contra a opinião da maioria.
Como temos outros gatos em casa, testamos a pequena para os vírus da Leucemia e Imunodeficiência Felinas e, mais uma vez, com a ajuda de Deus, ambos os exames foram negativos. Em 08/12/05 a sonda foi retirada e ela tornou-se definitivamente um membro da nossa família. Foi castrada em 02/02/06 para minimizar as possibilidades de formação de tumores de mama, já que em gatas, tumores de mama são 99% das vezes malignos.
Efetuamos diversas tentativas, sem sucesso, para que ocorresse ingestão de ração seca. Desistimos e a alimentamos com ração de filhote, amolecida em água quente e triturada no liquidificador. Ela faz 3 a 4 refeições ao dia. Um fato muito interessante é que na época que ela comia de colherzinha, quando eu perguntava se ela queria comer, a resposta era um miado em uma tonalidade vibrante, diferente da resposta para outras pessoas da casa.
 Atualmente está adepta da alimentação via seringa. Como diz a Dra Vanessa, é a Pit quem manda na casa e é ela quem decide como, quando e de que forma vai comer, desde, é claro, que ela se alimente do mínimo necessário para mantê-la saudável. Ela é uma gatinha maravilhosa, doce e muito carinhosa. Fez 2 anos em dezembro/2007 e a cada dia que passa está mais linda.
Um dos maiores problemas que enfrentamos é a auto-limpeza que faz parte da rotina diária dos gatos. Como cortaram toda a língua, ela entra em um círculo vicioso, "tenta se limpar, não consegue devido à ausência da língua e acaba por se molhar com a própria saliva, aí tenta secar a saliva e se molha mais ainda". Ela entra, então, num processo que podemos chamar de "comportamento obsessivo-compulsivo" e às vezes termina se ferindo. Há épocas em que ela está tranqüila e épocas em que está extremamente ansiosa, tentando se lamber desesperadamente. Em geral ela escolhe um local e entra em um círculo vicioso. Nossas tentativas visam sempre tentar interromper o ciclo, seja secando com toalhas, banhos, florais, fitoterápicos calmantes ou procurando distrair sua atenção para outras coisas. Obtivemos melhoras significativas com tratamentos com florais e homeopatia, mas após certo tempo, foi necessário iniciar o tratamento com antidepressivos. Atualmente ela está estável, com eventuais crises de tentativas de auto-mutilação.   
Como temos outros gatos e a ração seca está sempre disponível, observamos que ela tenta ingerir, sempre com grande dificuldade, uma vez que os grãos caem da boca. Com o decorrer do tempo, ela desenvolveu sua própria técnica para a ingestão de pequenas porções de ração seca entres as refeições. Utilizando o membro dianteiro direito, empurra os grãos de ração de forma a fazer um pequeno monte, a seguir, com suas tentativas de ingerir a ração, o monte torna-se úmido de saliva, os grãos se unem e ela consegue ingerir uma certa quantidade.
Após cada refeição, higienizamos toda a face dela com gaze embebida em água e a seguir a secamos com uma toalha. Uma vez por semana, nossa bonequinha toma banho com água morna e sabão neutro. Após o banho, secamos nossa Pitirica com uma toalha e depois todos os fios de seus pêlos com secador de cabelos. A seguir, aplicamos um talquinho para bebês no dorso, e ela fica com aquele cheirinho delicioso. Periodicamente efetuamos a limpeza das glândulas perianais.
 Apesar da plena confiança que ela tem na nossa família, ainda tem muito medo de pessoas estranhas. Quando chega alguém que ela não conheça, se esconde imediatamente. Entretanto, com a "família", é extremamente carinhosa, gentil e doce, adora um "colinho" e é mimada por todos.


3 comentários:

  1. Ela é linda. Como pode existir um "Ser" que mutila animais? É muito triste... muito mesmo...

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  2. Quanta crueldade com um ser tão inocente.Quando ouço uma história desse tipo tenho vergonha de pertencer a raça humana.ainda bem que ainda existem pessoas como nós que amamos e procuramos proteger nossos amiguinhos.

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